Em certo colégio acontecia uma daquelas molecagens que é muito comum em diversos recantos do país. Um grupo de meninas de doze anos colocava batom nos lábios todos os dias e para removerem o excesso sempre beijavam o espelho do banheiro.
Enquanto isto, o diretor educacional demonstrava grande preocupação porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho diariamente e sabia que algumas horas depois lá estariam outra vez as malfadadas marcas de batom.
Em certa ocasião, depois de testar inúmeras estratégias que se mostraram infrutíferas, juntou todas as meninas no banheiro e explicou que era muito complicado limpar o espelho com todas as manchas que nele se fixavam. Para comprovar o grau de complexidade da tarefa, pediu ao zelador que demonstrasse como é que ele tinha de proceder.
O zelador pegou um pano, molhou-o no vaso sanitário e o passou no espelho. Como dá para imaginar, nunca mais apareceram marcas de batom em lugar algum daquele colégio.
Nas organizações acontece algo semelhante. Os colaboradores nem sempre levam a sério aquilo que é dito dentro da companhia, pois não conseguem compreender os motivos que estão por detrás das orientações recebidas. “Deixa pra lá! Ele agora está pegando no nosso pé, mas logo esquece esta ideia maluca e as coisas continuam como estão!”, alguns afirmam.
Também há pessoas que não cooperam por desconhecerem o impacto de seu trabalho nas demais áreas da empresa. “Se eu soubesse que a consequência seria esta, certamente teria adotado alguns cuidados especiais”, é uma frase que resume a frustração pelo erro que poderia ser evitado.
É desejável que os profissionais tenham o mínimo de interesse e curiosidade a respeito daquilo que é relativo ao seu trabalho, mas os gestores não podem simplesmente esperar que o bom senso impere. É preciso ser claro de tal forma que as pessoas compreendam as tarefas que precisam executar e os motivos que fundamentam os objetivos e metas de suas áreas e da organização como um todo.
Alguns gestos são interpretados como insubordinação quando o correto seria refletir se as pessoas realmente sabem o que e, principalmente, o porquê das coisas. Para isto, como o diretor da historieta acima nos ensina, não existe nada tão eficaz em termos de comunicação como uma apresentação prática.
Por Wellington Moreira
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