A grande maioria dos gestores reconhece que a centralização de tarefas baseada no equívoco de que podem ser onipresentes – como a Deus – provoca sua ineficácia no papel de liderança ao comprometer a performance de suas equipes e de si mesmos.
É fácil defender a atitude de quem distribui adequadamente os afazeres entre seus subordinados, mas, ao mesmo tempo, também constatar como as pessoas têm dificuldades para conduzirem este processo. Os resultados provam isto.
Creio que o principal problema reside na própria compreensão conceitual. Muitos dos gestores acreditam que delegar tarefas é apenas uma forma de deixarem de lado aquilo que não é importante, isto é, conseguirem se livrar de uma série de coisas que qualquer pessoa pode fazer.
Esta apreciação incorreta os leva a despejarem atribuições nas mãos de quem ainda não está preparado para assumi-las e mais à frente, é claro, se deparam com uma performance aquém do liderado e a frustração de ambos. Contudo, tal atitude não pode ser intitulada como resultado da delegação e sim da delargação.
Delargar (que me perdoem os gramáticos) é exatamente isto! Repassar a responsabilidade pela execução de uma tarefa para alguém que não possui experiência ou conhecimento suficiente para tal e aguardar uma boa entrega logo adiante. Afinal de contas, delargadores creem que delegar é simplesmente redistribuir responsabilidades, pouco importando tudo mais que precisa ser feito.
Portanto, para delegar corretamente é necessário que o líder compreenda que ele precisa reservar tempo ao liderado. Acompanhá-lo enquanto este aprende as novas funções e ainda não está seguro para caminhar sozinho. Demonstrar-se disponível para que as pessoas tenham a liberdade de fazerem as perguntas que evitarão erros tolos mais adiante.
Este processo precisa ser percebido como uma estratégia não apenas para que você consiga mais tempo em sua agenda e sim um meio para promover o amadurecimento de sua equipe de trabalho, principalmente quando combinado com empowerment.
Mas, o que o empoderamento significa exatamente? Praticar empowerment é enriquecer o cargo de alguém com responsabilidades que proporcionem o seu desenvolvimento. Destacar novas atribuições que ampliem o horizonte de percepção deste profissional e viabilizem oportunidades futuras para o mesmo na companhia sem que, a curto prazo, ele necessariamente tenha de mudar de cargo.
Contudo, tenha sempre em que mente que você delega a execução da tarefa e a corresponsabilidade ao liderado, mas o encargo maior pelo resultado da tarefa ainda continuará em suas mãos. Como a um técnico de futebol que possui autonomia para escolher quem irá escalar na equipe titular, o jogador que baterá o pênalti decisivo e qual esquema tático será utilizado, são os bons resultados que o sustentarão no cargo.
Muitas pessoas que se frustram ao delegarem tarefas e voltam a atuar como centralizadores por acreditarem que seus liderados são incapazes de assumirem novas funções não sabem conduzir este processo corretamente. São apenas delargadores.
Por Wellington Moreira
wellington@caputconsultoria.com
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