Ao analisar o histórico da gerência intermediária nas organizações é possível observar altos e baixos em sua trajetória, além de diferentes responsabilidades que surgiram devido às transformações pelas quais as companhias também passaram nestas últimas décadas.
No início do século XX, por exemplo, época em que vigorava o modelo empresarial taylorista, a GI – gerência intermediária – sustentava posição de destaque, pois ela possuía a incumbência de controle sobre o trabalho dos empregados. No entanto, com o advento da reengenharia e das estratégias de downsizing (início da década de 1990), houve um grande achatamento das estruturas hierárquicas na posição tática das companhias, então vistas como um centro de custo desnecessário.
Enquanto isto, os gestores médios que sobreviveram nas organizações tiveram de assumir novas demandas relacionadas à gestão de pessoas, processos internos e foco em resultados tornando o nível responsável direto pela performance organizacional, o que possibilitou uma maior dinamicidade à sua atuação.
Já nos anos 90, a GI começou a reconquistar o status perdido, principalmente graças à diversidade das demandas e à complexidade que começou a envolver toda e qualquer atividade empresarial exigindo pessoas que atuassem como elo entre a empresa e seus colaboradores. Tarefa que, prontamente repassada à gerência intermediária, contribuiu para que os novos cargos táticos representassem não apenas a sua posição na hierarquia organizacional, mas a magnitude do seu papel de agente nas empresas. Se antes a GI abarcava atividades operacionais de controle, agora passava a combinar tarefas operacionais e estratégicas, o que exigiu a adoção de um olhar sistêmico a respeito da organização.
Por isto, é correto afirmar que os gestores médios são os sobreviventes de inúmeras reestruturações que as companhias enfrentaram e também aqueles que melhor devem se preparar para as novas “ondas de mudanças” que poderão ocorrer a qualquer momento (MORGAN, 2002).
Ainda mais porque as expectativas sobre o desempenho da GI são cada vez maiores e, como bem ressaltam Dopson e Neumann (1998), o gestor médio tem assumido inúmeras novas responsabilidades e tarefas. Algo que tem direcionado seu trabalho para que atue de forma generalista e desenvolva habilidades fundamentais ao ambiente de incerteza e complexidade atual.
E o que esperar do futuro da GI nas organizações? Alguns cenários já podem ser antecipados:
- O gestor intermediário precisará compreender cada vez melhor o modelo de negócio da companhia onde trabalha.
- Deverá promover a organização do trabalho multidisciplinar que grupos autônomos serão incumbidos de realizar.
- A gerência média atuará prioritariamente na gestão de processos e equipes, além de ser o principal ouvinte das demandas levantadas pelos clientes.
- Independente da área onde atue, o gestor intermediário terá que aprofundar seus conhecimentos em RH, marketing, vendas, TI e logística, pois assumirá a função de responsável direto pela obtenção de resultados excepcionais da organização como um todo.
Demandas que muito fogem da antiga visão em que os gerentes intermediários representavam uma grande barreira à criatividade organizacional devido à imposição de regras burocráticas que minavam a espontaneidade e capacidade criadora de seus colaboradores.
Wellington Moreira
Palestrante e consultor empresarial
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