quinta-feira, 30 de junho de 2011

Artigo: Profissionais dos Ovos de Ouro. Por Wellington Moreira.



Em certa manhã um felizardo fazendeiro descobriu que uma de suas galinhas tinha posto um ovo de ouro. Surpreso, apanhou rapidamente o incrível elemento, adentrou à sua casa, mostrou-o à mulher e foi logo dizendo: “Veja! Estamos ricos!”

Ainda no mesmo dia, com medo de que alguém pudesse roubá-lo, levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço. Na manhã seguinte, a galinha pôs outro ovo de ouro, que foi vendido pelo fazendeiro por um preço ainda melhor. E assim aconteceu durante vários e vários dias. 

Contudo, quanto mais rico o fazendeiro se tornava, sua ambição por mais dinheiro crescia exponencialmente. E pensou: “Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!” Por isto, matou o animal. Só que, por dentro, ela era igual a qualquer outra galinha que o fazendeiro havia dissecado em sua vida, o que provocou imensa decepção naquele homem.
Esopo, autor grego, escreveu esta fábula por volta do século VI a.C. e pode-se afirmar que a mesma continua extremamente atual, podendo ser estendida a uma série de contextos, inclusive o organizacional, onde talentos também são dilapidados, ainda que as motivações corporativas aparentemente exponham as melhores intenções.

Não é de hoje que muitas companhias têm encontrado dificuldades para lidar com as suas “galinhas de ovos de ouro”, isto é, os profissionais altamente eficazes na esfera individual. Como consequência, mesmo sabendo que contam com pessoas de competência comprovada não os valorizam como deveriam e dão espaço para que empresas concorrentes os assediem com melhores propostas de trabalho.

Há também aquelas empresas que reconhecem o potencial de seus colaboradores talentosos, mas não conseguem ter a paciência necessária para que amadureçam. Caso típico de jovens profissionais que dão resultado e, por isto, são pressionados a entregarem cada vez mais, quando ainda não estão preparados para cumprirem tamanha expectativa. Uma realidade que até pode apressar o processo de desenvolvimento destas pessoas, mas geralmente as leva ao baixo desempenho e desmotivação.

É claro que as organizações têm pressa por alcançarem resultados imediatos e buscam recompensar as pessoas que têm maior capacidade de entrega pontual, mas não podem deixar que seus anseios de curto prazo impeçam o alcance dos objetivos vindouros exatamente por não mais contarem com gente talentosa.

Conforme os últimos dados divulgados pelo Ministério do Trabalho, o forte ritmo de crescimento econômico alcançado pelo país já proporciona um quadro de pleno emprego onde contratar as pessoas certas é uma tarefa extremamente difícil em vários segmentos de mercado. Então, por que não manter os profissionais que já valem ouro?

O foco extremo nos resultados de curtíssimo prazo combinado com uma ambição desmedida explica porque tantas organizações possuem problemas éticos, companhias afundam mundo afora e as instituições políticas vivem grande descrédito em grande parte do mundo e especialmente no Brasil.

Quanto aos profissionais, fica o alerta de serem consistentes – preferencialmente, por meio da entrega de “ovos diários” –, mas sem deixarem de acompanhar periodicamente o que acontece na organização onde trabalham, pois as expectativas da companhia podem ser muito diferentes daquilo que são capazes de entregar. Em resumo: você pode achar que está abafando e ser decapitado de uma hora para a outra. Vale à pena fazer alguma coisa antes disto acontecer.

Por Wellington Moreira
Palestrante e consultor empresarial
wellington@caputconsultoria.com.br

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